terça-feira, 22 de setembro de 2009

Entrega

Com o teu amor e benevolência és cativante
Em cada carícia, cada afago
No silêncio com que me ouves
És toda cuidado e consideração
Dás-me força, vigor
O bem-estar consolado e cómodo
De contentamento e júbilo
Pelo que iluminas em mim
O espírito em claridade ilustrado
Tornas-me firme de ânimo
Mais constante e com perseverança
Neste meu modo de viver descomportado
Que existe com a força de entusiasmo
Fundado na tua essência
Na nossa bem-aventurança, a glória eterna

de F.J.O.C.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Fado Português"

Amália


Dulce Pontes


Hoje


O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Música: Alain Oulman
Letra: José Régio

Meu chão. Meu monte. Meu vale.

Meu chão.

Nesta superfície podes pôr os pés e andar
É o solo plano, liso, sem altos nem baixos
Ou o sobrado, pavimento simples
Sem cerca nem muro
Aberto e fértil
Raso e sem lavores

Só uma pequena terra arborizada e regadia onde podes cultivar e acolher-te.

Meu monte.

Eleva-te neste mais alto
Entre a colina e a montanha
Tem porção considerável este montado
Que seja de herdade, casal
Que cresça em acervo, seja montão
Montanha, serra

Meu vale.

Unirei as montanhas que conquistares
Sossegarás ao sopé de mim ou à beira do nosso rio
Não serei de lágrimas
Serei da realidade e da vida presente
Que nunca de correio me torne
Por tanta distância não ansiar

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"Antes e depois" - Klepht


Quem te apurou?
Como os anos passam por nós
É ver o tempo deixar-nos sós
E esperamos

Que justifiquem ou que nasça pelo menos alguma razão
Ao motivo pelo qual vai cedendo o corpo então
Aos anos

Sinto mais do que preciso
Perco a voz ganho juízo
E quem fui eu não sou mais
Mudam gostos ganho peso
Perco medos e cabelo
E quem fui eu não sou mais

Algo melhorou!
Ficámos sábios… pelo menos aos olhos dos outros
Ser responsável compete a poucos
A bem poucos....
Não dependemos, daqui para a frente, de ninguém
Quer dizer… O sexo agora implica quase sempre alguém
E Ainda bem!!!!

Sinto mais do que preciso
Perco a voz ganho juízo
E quem fui eu não sou mais
Mudam gostos ganho peso
Perco medos e cabelo
E quem fui eu não sou mais

Não choro as partes que estão para trás
Não choro as partes que estão para trás

Não concluo
O meu tempo não é uma canção
Tem quase sempre rima certa, métrica e refrão
E esta acabou

Ou lar

Faremos conjunto como uma única pessoa
E, principalmente, de todos os parentes dela
E dos que moram com ela
Seremos o que a lar soa

Se vivemos na mesma casa
Todos os vocábulos com essa raiz
Serão a nascida raça
A estirpe matriz

E se de animais, de vegetais, de minerais falarmos
Os comuns seremos sempre nós
E será familiar sempre estarmos
No íntimo e sem-cerimónia a sós

de F.J.O.C.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mimanjos

Mimo os anjos
Todos os que encontro de dia
De dia, à noite...
...no jardim que vejo

Mimo aquele sorridente
Aquele outro distraído
Acolá, aquele irrequieto
Este aqui também, tão docemente irritadiço

E todos eles Te completam em mim
Me dão vida também assim
E todos eles têm tuas feições
Me acarinham com seus corações


de F.J.O.C. (snif snif)