Faz hoje um dia, um mês, um ano ou uma vida
Que passei a ser mais gente do que eu
Talvez mais acordada criatura
Na aventura do sonho em que me deito
Faz hoje o tempo certo em passei
A ser, talvez, também mais imperfeito
No gesto de pensar-me aconchegado
No secreto recanto do teu peito
Faz hoje o tempo que calhar e me atribuo
De pensar tudo com cuidado, tudo outra vez
E ao fim do dia, ao fim da vida toda
Relembrar os tempos de menino
Quando brincava nos degraus da puberdade
Com olhares e beijos e recados
Mandados pela janela esburacada
A meio da aula de Inglês ou Português
Neste dia parto, como sempre, para o futuro
Na certeza de que tudo o que viver
É um espaço alcançado projectando
Este meu gosto amargo e doce do saber
Que tu és tu em ti e eu em mim
Mas que a espaços, mil vezes por minuto
A espaços, um rasgo de amargura
Revolve tais certezas na tormenta
Que eu confundo-me contigo e estou em ti
E é essa a confusão que me alimenta
Livro-semente I em viagem pelo Japão
Há 8 anos
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