sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pequeno Aristo















Umas festinhas no teu cabelo
Umas carícias na tua face
Um sorriso malandrinho
Um "sai daqui" aristo

Tantos risos fáceis tens
Tantas energias corridas pela casa
Tudo te faz menino e querido
Ternurento aos teus crescidos

E salpicado agora apareces
Assim feridinho de pintado
Penas nunca na vida as terás
Por sem elas em aparência teres ficado

E a festa podes fazer
Com amiguinhos de lazer
Ou contando marquinhas
Que agora te dão afazer

de F.J.O.C.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Altar

Ai em que terra alta me fazes pisar
Terra alta das profundezas do meu emir
Percorro-as e meus pés fazem-me arfar
Subo e subo, sem ar sou todo de te sentir

Terra alta que lá no alto te faz
A luz que leva o dia cessante
Lá alto, tão alto, que sem ar me dás
A firmeza e solo constante


de F.J.O.C.

"Canção do monte" - Diabo na Cruz

Faixa 9 de Virou!


Anda cá meu anjo
Aninhou-se um beijo
Sobre o teu cansaço
Vem passo a passo
Semear um hino
Sou o teu menino
Dá-me a tua mão

De Baguim à Ponta (dá-me a tua mão)
A história não conta (dá-me a tua mão)
Quantos foram fracos
Limpos os pratos
Dorme o tio na eira
Vai-se a vida inteira
Dá-me a tua mão

Choro com o teu riso (dá-me a tua mão)
Dizes que é preciso (dá-me a tua mão)
Tens-me no teu barco
Atira o meu arco
Se ganhares juízo
Lê o meu aviso
Dá-me a tua mão

Anda cá meu sonho (dá-me a tua mão)
Se tirares, eu ponho (dá-me a tua mão)
Vem deixar-me rouco
A pouco e pouco
Semear um hino
Sou o teu menino
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)

Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão

Arranjo de Diabo na Cruz de uma composição/canção de Jorge Cruz old school

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Fonte Idílica

Junto a essa fonte procuro a frescura que o avistamento das tuas feições e do teu espírito me provocam.

de F.J.O.C.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"This for my people" - Nu Soul Family

This is for my people - Official Video from thenusoulfamily on Vimeo.

Acorda e chama-me!

Ao acordar, no meio que seja
Ao lembrar de mim algo que seja
Ao sorrir o que te deseja
Lembra-te sempre de ti, Cereja
Lembra-te sempre de mim, inveja
Lembra-te sempre do que de nós seja

de F.J.O.C. (desejo)

"Cada dia que passa" - tAMbOR


Ai este coração
Só por ti sabe esperar

Ai,amor de perdição
Aqui na terra sem altar

Ai este coração
Que em cartas vai dizer
Vai e volta na tua mão
Vai e volta p'ra te ter

Cada dia que passa
Fica a terra mais gasta
Cada dia que passa
Fica o amor mais forte
(2x)

Ai este coração
Bate mais ao dar-te a mão

Vai e volta sem hesitar
À cidade ao pé do mar (2X)

Invento mais um momento
Invento e estico o tempo
Ai este amor em mim
Ai ter-te sempre assim

Cada dia que passa
Fica a terra mais gasta
Cada dia que passa
Fica o amor mais forte
(2X)

Cada dia que amanhece
Sem o teu abraço
Não tenho sossego em mim

Cada dia que amanhece
Com o teu abraço
O céu fica mais perto de mim

Cada dia que passa
Fica a terra mais gasta
Cada dia que passa
Fica o amor mais forte
(3X)

sábado, 15 de maio de 2010

Dá-nos

Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso amor
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso coração uno
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso mar
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso ser
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso querer
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso amar

de F.J.O.C. (embraçado)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

(Que) É de Ti

Que teus desesperos adormecidos
Não contagiem tua alma por mim enternecida

Lê o meu imo que Te tanto deseja
E não creias tanto nas minhas palavras aéreas
Acredita mais no que o teu olhar Te transmite
Quando na distância me consegues ver e sentir
É ele que Te dá segurança ao coração
Que Te eleva de Ti para algo comigo

Às palavras que me saem
Não as tenhas como certas de mim
Porque as escrevo tanto como fossem de Ti
Tento ler-Te por elas, como no olhar

Que teus sentidos vivos
Não adormeçam teu coração por mim acordado

de F.J.O.C. (é de mim)

sábado, 8 de maio de 2010

"Afinal" - Álvaro de Campos

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,
Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam
Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,
Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.

Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.

Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre.

Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.
Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.
Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...
Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.
Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,
A chuva como pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!


in Álvaro de Campos, Poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2002

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"Both sides now" - Hayley Westenra



Rows and flows of angel hair
And ice cream castles in the air
And feather canyons everywhere
I've looked at clouds that way

But now they only block the sun
They rain and snow on everyone
So many things I would have done
Clouds got in my way

I've looked at clouds from both sides now
From up and down, and still somehow
It's cloud illusions I recall
I really don't know clouds at all

Moons and Junes and Ferris wheels
The dizzy dancing way that you feel
As every fairy tale comes real
I've looked at love that way

But now it's just another show
And you leave 'em laughing when you go
And if you care, don't let them know
Don't give yourself away

I've looked at love from both sides now
From give and take, and still somehow
It's love's illusions I recall
I really don't know love
Really don't know love at all

Tears and fears and feeling proud
To say "I love you" right out loud
Dreams and schemes and circus crowds
I've looked at life that way

Oh but now old friends they're acting strange
And they shake their heads
And they tell me that I've changed
Well something's lost but something's gained
In living every day

I've looked at life from both sides now
From win and lose and still somehow
It's life's illusions I recall
I really don't know life at all
It's life's illusions I recall
I really don't know life
I really don't know life at all

Composição: Joni Mitchell

quarta-feira, 28 de abril de 2010

"Um contra o outro" - Deolinda


Anda, desliga o cabo,
que liga a vida, a esse jogo,
joga comigo, um jogo novo,
com duas vidas, um contra o outro.

Já não basta,
esta luta contra o tempo,
este tempo que perdemos,
a tentar vencer alguém.

Ao fim ao cabo,
o que é dado como um ganho,
vai-se a ver desperdiçamos,
sem nada dar a ninguém.

Anda, faz uma pausa,
encosta o carro,
sai da corrida,
larga essa guerra,
que a tua meta,
está deste lado,
da tua vida.

Muda de nível,
sai do estado invisível,
põe o modo compatível,
com a minha condição,
que a tua vida,
é real e repetida,
dá-te mais que o impossível,
se me deres a tua mão.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Anda, mostra o que vales,
tu nesse jogo,
vales tão pouco,
troca de vício,
por outro novo,
que o desafio,
é corpo a corpo.

Escolhe a arma,
a estratégia que não falhe,
o lado forte da batalha,
põe no máximo o poder.

Dou-te a vantagem, tu com tudo, eu sem nada,
que mesmo assim, desarmada, vou-te ensinar a perder.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

sábado, 24 de abril de 2010

És só A Pessoa

É pessoa útil quem se sabe utilizar
É nobre de gesto e sentir
É loba de vida e faro
É fugidia e repentina de lebre
É racional e consciente de gente
Pessoa é, meu desassossego!

de F.J.O.C.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Fito


E é assim ensonado que me imagino olhando-te ternamente no teu respirar descansado e vejo a alma pura do meu amor por ti, o querer ser e fazer parte desse ar que nos extravaza a razão de viver.
Quero acariciar-te suavemente sem te acordar... mas fazer-te sentir bem no teu íntimo esse gesto, o meu calor.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mãos de mimo

Nem te consigo dizer por palavras o que me te apetece fazer de bem quando te vejo assim mais caidinha de forças...
Quero tanto mimar-te e levantar-te o ânimo, abraçar-te carinhosamente até o teu cansaço se cansar de ti e fugir desse corpo lindo... que só merece Sol e vida alegre!

ADORO-TE MULHER

sexta-feira, 9 de abril de 2010

"All Is Love" - Karen O & The Kids


One, two, ready, go
Grow some big feet, holes in history
Is where you'll find me, is where you'll find
All is love, is love, is love, is love

L.O.V.E, its a mystery
Where you'll find me, where you'll find
All is Love, is love, is love, is love

Hey, ooh
Hey, ooh
Ooh ooh
All is Love

One, two, ready, go
L.O.V.E, its a mystery
Where you'll find me, where you'll find
All is love, is love, is love, is love

Ooh ooh
All is Love, is love, is love, is love

Original Soundtrack of "Where The Wild Things Are"
Music by Karen O & The Kids

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Teu Ovo

Se à janela viesses verias-me sorrir
Verias-me a eclodir
Sou na Páscoa o teu ovo de sentir

de F.J.O.C.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Soma de sonhos

O Sol ilumina tudo hoje
E ao redor desta casa vê-se luz
Esta moradia alta e grande foge
Enorme vazio ao ninguém ver: supus!

Há braços, corações meus por aqui
De exemplo bom e certo são lar
Um espaço apertado tivesse eu aí
Braços e afagos vossos a amar

O ar luminoso faz-te brilhar
Mas o interior permanece insatisfeito
O dia-a-dia corre sem elar
Ante as conquistas tardias em efeito

Soma mais silêncios de sonhar
Acumula-os todos contigo em cascata
Tornarei a falar e a buscar
Teus gestos sinceros, e certos, à sucapa

de F.J.O.C.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Palavras

Lê o que teus olhos presenciam
Ouve o som das palavras
Mergulha no que elas silenciam
Mesmo que te soem parvas

O que me esvai daí
O que percebo de momento
É tudo o que vem de Ti
Não vivo em contratempo

São tuas também elas
Escreves-as no sentir de mim
Elas sentem-Te perlas
São nossas vestes de brim

de F.J.O.C.

quinta-feira, 25 de março de 2010

"Cairo" - Seda

Vamos de férias...para longe!


Ponto de passagem
Cidade internacional
Os espiões vão de viagem
Joga-se o xadrez mundial
aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente

Desfilar de presidentes
Diplomatas elevados
Todos querem noites quentes
E não ficarem queimados

aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente

{Refrão}:
Cairo
Distante, Cairo
Excitante, Cairo
Apaixonante
Isto é o Cairo
Distante, Cairo
Excitante, Cairo
Apaixonante

Capitão do mistério
Terra de aventureiros
Já ninguém parece serio
É um local de guerrilheiros

aaah, tudo é diferente
aaah, no Cairo quente

{Refrão}

Ponto de passagem
Cidade internacional
Os espiões vão de viagem
Joga-se o xadrez mundial

aaah, tudo é diferente
aaah, no cairo quente

{Refrão} x...

"Heaven Knows" - Squeeze




You're no dame, I'm no duke
Somehow love is a fluke
We've survived thick and thin
Taking knocks on the chin
In the eyes of the sad
We may be barking mad
But the truth has been ceased
We are like chalk and cheese
You wind me up and I drive you mad
It's a fact of life, it goes hand in hand
And I know that look, it's read like a book
And I realize

I don't care what the world has to say
You should know that I love you
I love you
I love you today

When the boat starts to rock
Then my ears start to block
All the words that you say
Through the night, through the day
Where there's mud there is grass
And the storm soon will pass
Then it's back to the norm
All the cold turns to warm

Sometimes I think life crawls like a snail
And all of our dreams become the wind in your sails
Without wealth it's true, who cares what you do
And I realize

I can feel the eyes behind us as we walk
I can see the ears that listen when we talk
(Composição: Tilbrook, Glenn; Difford, Christopher)

quarta-feira, 24 de março de 2010

"Voar" - Tim


Eu queria ser astronauta, o meu país não deixou.
Depois quis ir jogar à bola, a minha mãe não deixou.
Tive vontade de voltar à escola, mas o doutor não deixou.
Fechei os olhos e tentei dormir, aquela dor não deixou.

Ó meu anjo da guarda, faz-me voltar a sonhar
Faz-me ser astronauta, e voar

O me quarto é o meu mundo, o ecrã e a janela.
Não choro em frente à minha mãe, eu que gosto tanto dela.
Mas esta dor não quer desaparecer, vai-me levar com ela

Ó meu anjo da guarda, faz-me voltar a sonhar
Faz-me ser astronauta, e voar

Acordar, meter os pés no chão
Levantar pegar no que tens mais à mão.

Voltar a rir. Voltar a andar.
Voltar... Voltar...

Voltarei... Voltarei...
Voltarei... Voltarei...

sábado, 20 de março de 2010

"Almas gémeas ou parcerias?" - M. Ribeiro Fernandes

O amor precisa de poesia, de beleza,
de sonho. Eles são a chama e apelo
a uma descoberta e aceitação mútua,
que valoriza a relação pessoal.


Uma das mais belas representações do amor é a teoria das almas gémeas, herdeira querida do romantismo. Herdeira, não será bem o termo, pois o romantismo não a inventou, apenas lhe deu ênfase e visibilidade, porque ela já era imemorialmente antiga. Há uma teoria, de tipo esotérico, que diz que, ao incarnar, as características masculinas e femininas da alma se separam, dando origem ao homem e à mulher; depois, seguem o seu ciclo de vida, partem à procura do amor, sentindo a nostalgia da sua cara metade. Só depois de se reencontrarem e conscientemente reconhecerem é que voltam a sentir-se felizes.
1. É frequente encontrar-se na literatura, no falar do povo, na publicidade alusões às almas gémeas. Há muitas expressões populares para traduzir essa realidade íntima do amor, como: “encontrei o amor da minha vida”, “a minha cara metade” e outras. Fazem parte do imaginário popular. Tantos romances inesquecíveis se escreveram (e viveram) baseados nesta atracção inexplicável das “almas gémeas” do amor que se procuram uma à outra como ímanes que só sossegam quando finalmente se encontram e conscientemente se descobrem, romances vividos não apenas como uma atracção química (como hoje se diz) e psicológica, mas também uma atracção espiritual que transcende a dimensão terrestre. Talvez por isso, a teoria das almas gémeas continue também ligada a um certo ocultismo.
2. Mas será que existem mesmo almas gémeas? Não serão elas apenas a metáfora do sonho do amor-perfeito? Ou a metáfora da atracção de toda a criatura pela beleza do seu criador, que Santo Agostinho, um homem genial que viveu apaixonadamente, tão bem sintetizou quando escreveu que o coração humano só encontrará descanso quando finalmente repousar em Deus? Pode haver quem chame loucura à história de amor de Romeu e Julieta, mas a verdade é que toda a gente o admira e, no seu íntimo, o sente como ideal e verdadeiro. A história de Romeu e Julieta continua a ser um símbolo do amor de duas almas gémeas. Um dos mais belos quadros que representa Santa Teresa de Ávila é o de uma mulher apaixonada por Deus e vivendo o êxtase desse amor. Afinal, que seria o homem sem paixão e sem amor? Pouco mais do que um autómato genial.
3. Apesar de belíssima, essa metáfora(ou realidade?) das almas gémeas nem sempre tem sido bem interpretada, o que nos leva a concluir que não basta encontrar o amor para ser feliz, é preciso também cultivá-lo responsavelmente em cada dia. A descoberta da sua alma gémea não resolve por magia todos os problemas de relacionamento do dia-a-dia entre o casal, porque os dois continuam a ser livres e falíveis, capazes de amar mas também capazes de errar. Se não procurarem viver em cada dia o prazer e a alegria desse encontro, podem deitar tudo a perder e afastar-se novamente um do outro. Mas, nem por isso deixam de sentir a nostalgia do amor, como escreveu Pablo Neruda: «É proibido esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque nossos caminhos se desencontraram... Cada um tem seu caminho e sua sorte».
4. Há quem diga que a expressão mais adequada para representar o amor, hoje, seria a da parceria. Está na moda falar-se de parcerias, da colaboração entre duas partes em que cada uma é respeitada como autónoma e independente e, quando se junta com outra, não é para a considerar como dependente de si, mas como igual a si e, cada um com sua especificidade, colaborarem num projecto comum. Quer isto dizer que, hoje, se tende a valorizar mais a autonomia de cada um do que a dependência mútua das partes. A representação do amor incorporou as aquisições sociais de independência profissional e económica de cada um, nomeadamente da mulher, que já não é considerada dependente do homem, porque tem como ele o seu emprego e a sua independência económica. Isso é um facto novo e positivo que modificou a representação social do amor e a vivência do casamento. Hoje, os jovens tendem a sair cada vez mais tarde da casa paterna, o que se torna um fardo pesado para os pais e pode induzir comportamentos de dependência social. Tentam prolongar por mais tempo a sua juventude. Aparentam ser mais individualistas. Comunicam mais entre si por meios instrumentais (telemóvel, internet, etc...) do que pessoalmente. Sentem-se mais inseguros. No entanto, esta aparente experiência de solidão também pode ter o seu lado positivo: ajudam-nos a atingir um nível mais elevado de autonomia e amadurecimento psicológico, contanto que não resvale para dependência parasitária em relação aos pais ou não fomente o isolamento ou outras formas desviantes. Gosto da ideia da parceria pelo que ela exprime de exigência de maior maturidade e de maior respeito mútuo para que os dois possam caminhar, na igualdade da sua diferença, de mãos dadas para a vida, numa união afectiva mais consistente; mas penso que seria uma representação um pouco fria do amor se lhe faltasse a poesia da alma gémea, a sua beleza, o seu calor, o seu entusiasmo. O amor precisa de poesia, de beleza, de sonho. Eles são a chama e apelo a uma descoberta e aceitação mútua, que valoriza a relação pessoal.


Texto de M. Ribeiro Fernandes publicado em Opinião, em 14 de Março de 2010, no Diário do Minho

terça-feira, 16 de março de 2010

Já rumo a casa outra vez...

vou-te ver adormecer no meu querer mesmo a correr sem medo de perder qualquer pedaço de tempo até morrer

sexta-feira, 12 de março de 2010

Após...

Um morango saboreado, um só
Suavemente em gestos lentos sentido
Tua boca me lembrou de dó
Roubado seria e tarda teu beijo unido

Um deleite simples e concentrado
De sabor lento e particular
Deliciado em pensamentos puros e amados
Permite-me também de boca amar

de F.J.O.C. (puro deleite)

"Songbird" - All Angels




For you, there'll be no more crying,
For you, the sun will be shining,
And I feel that when I'm with you,
It's alright, I know it's right

To you, I'll give the world
to you, I'll never be cold
'Cause I feel that when I'm with you,
It's alright, I know it's right.

And the songbirds are singing,
Like they know the score,
And I love you, I love you, I love you,
Like never before.

And I wish you all the love in the world,
But most of all, I wish it from myself.

And the songbirds keep singing,
Like they know the score,
And I love you, I love you, I love you,
Like never before, like never before.

Original from Fleetwood Mac
Written by Christine McVie

Regresso

Se meus lábios ora tocassem os teus
Com fulgor todo o nosso ser ebuliçava
Teus lábios quentes e molhados e doces: Deus
Tornam sempre esta hora a mais ansiada

de F.J.O.C.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sono fora

Se meus olhos ora te vissem
Minhas alegrias seriam dobradas
Se meus olhos ora se rissem
Minhas ideias eram regradas

Com meus olhos a verem-te
Ora sou mais apaixonado
Com meus olhos a rirem-te
Ora sou mais animado

de F.J.O.C. (a ver-te)

"I See You" - Leona Lewis

Um Mundo Novo!!!

I see you
I see you

Walking through a dream
I see you
My light in darkness breathing hope of new life
Now I live through you and you through me
Enchanting
I pray in my heart that this dream never ends

I see me through your eyes
Living through life flying high
Your life shines the way into paradise
So I offer my life as a sacrifice
I live through your love

You teach me how to see
All that's beautiful
My senses touch your word I never pictured
Now I give my hope to you
I surrender
I pray in my heart that this world never ends

I see me through your eyes
Living through life flying high
Your love shines the way into paradise
So I offer my life
I offer my love, for you

When my heart was never open
(and my spirit never free)
To the world that you have shown me
But my eyes could not division
All the colours of love and of life ever more
Evermore

(I see me through your eyes)
I see me through your eyes
(Living through life flying high)
Flying high
Your love shines the way into paradise
So I offer my life as a sacrifice
And live through your love
And live through your life

I see you
I see you

Composição: James Horner

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Have You Ever Really Loved A Woman?" - Bryan Adams

Imagens de video do filme Don Juan de Marco


Link para o vídeo oficial http://www.youtube.com/watch?v=hq2KgzKETBw
To really love a woman
To understand her - you gotta know her deep inside
Hear every thought - see every dream
N' give her wings when she wants to fly
Then when you find yourself lyin' helpless in her arms
Ya know ya really love a woman

When you love a woman you tell her that she's really wanted
When you love a woman you tell her that she's the one
Cuz she needs somebody to tell her that it's gonna last forever
So tell me have you ever really - really really ever loved a woman?

To really love a woman
Let her hold you - til ya know how she needs to be touched
You've gotta breathe her - really taste her
Til you can feel her in your blood
N' when you can see your unborn children in her eyes
Ya know ya really love a woman

Chorus

You got to give her some faith - hold her tight
A little tenderness - gotta treat her right
She will be there for you, takin' good care of you
Ya really gotta love your woman...

Written by Bryan Adams, Robert John 'Mutt" Lange and Michael Kamen - Badams Music Ltd/Zomba Enterprises Inc (ascap )k-Man Corp./New Line Music Co/Sony Songs Inc (BMI)

"E eis..." - Santo Agostinho

"E eis que estavas dentro de mim e eu fora, e fora te buscava, errante pelas coisas tão belas que fizeste. Estavas comigo, mas eu não contigo. Distraíam-me de Ti as coisas, que não têm ser senão em Ti. Chamaste e clamaste, e rompeste a minha surdez; brilhaste, refulgiste e afugentaste minha cegueira; exalaste Teu perfume e respirei e anseio por Ti; saboreei-Te e tenho fome e sede; tocaste-me e abrasei-me na Tua paz."


(Santo Agostinho in Confissões, Livro X, Cap.X,27)

O meu pedacinho de jardim

Já não mais floresces
Tornaste-te orfã de cuidados
Por só ficares, envelheces
E pereces sem corações agoirados

Na tua côr, luz, florescias
Sem ar contaminado crescias
E com fundamentos certos existias

Eras parte de mim lá
Quando lá fazia sentido seres
Esse pedacinho de jardim cá
Agora, hoje, na tua falta me feres

Razão ainda aqui há
Sentido continua a haver cá
Sentimento é a nossa semente que te renascerá

de F.J.O.C. (no jardim sonhado)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Minha Flôr do Coração



AVISO

Perdeu-se Mulher

Desapareceu do seu lar a Mulher, hoje - não apareceu para o almoço. Responde pelo nome de Risonha. Há rumores de que anda perdida...de amores, por esse Mundo fora. A quem souber do seu paradeiro é favor indicar-lhe o sentido correcto para o seu lar, onde reside também o meu coração.

Por favor contactar Doce em http://vidadoceerisonha.blogspot.com

sábado, 6 de março de 2010

"Quem é ela?"

A tua mão apalpa o bater do meu coração
É direita e segura e firme de pele
O teu timbre é todo o meu som
É directo e suave e melódico mel
O teu diambular segura-me bem
É bailante e singelo e espelho teu
O teu olhar vibra e brilho tem
É luz solar e luar e meu apogeu

de F.J.O.C. (sei-a)

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Boa Noite!"

E o será seja assim tal
Seja tua pele de mim envolta
Teus dedos procuram-me afinal
Meu corpo tanto se revolta

E a pensar só seja mal
Seja o meu olhar no amanhã
Tens tua alma viva e cabal
Manténs-te de tudo comigo afã

E de manso e ténue gesto
Seja de nós tudo revelado
Teremos arte, despeito sem modesto
Mesmo ausentes sendo do prelado

de F.J.O.C.

quarta-feira, 3 de março de 2010

CHUAC Quente

Chama-se o beijo
Há em nós o ardor
Urge já senti-lo
Antes da noite se pôr
Continuo a pedi-lo a ti Meu Amor
Corajosa nos receios
Independente no que prende
Amiga na dificuldade
Determinada na indecisão
Orientada na desorientação

de F.J.O.C.

terça-feira, 2 de março de 2010

Teu meio

Olha bem como me rodeias
Vê o que acontece amiúde
Esse olhar é a meias
Porque o meu também te alude

Sabes bem como me influencias
Sabias como te ias prender?
Vê como tudo é como o sentias
Vê como continua fácil aprender

Cá existimos como nos veio
Aqui florescemos a meio

de F.J.O.C.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"Se cuidas de mim" com Inês Castel-Branco, por Tiago Bettencourt & MANTHA

"Se cuidas de mim" com Inês Castel-Branco Ví­deo por Tiago Bettencourt & MANTHA - Ví­deos do MySpace

Se cuidas de mim eu…
Eu cuido de ti também
Dentro da minha mão
Eu guardo-te bem
Se amarmos do princípio
Se perdermos tudo outra vez
Vou marcar-te bem
Como um sonho vão
Dentro da minha mão

Se cuidas de mim eu...
Eu cuido de ti também
Se vens em paz
Eu venho por bem
Se formos bebendo... o chão deste caminho...
Vou guardar-te bem
Agora que sei
Que não vou sozinho.

Por isso vem... Por isso vem... Por isso vem...
Por isso vem... Por isso vem... Por isso vem...

Há uma praia depois sombra (Por isso vem...)
Uma clareira para iluminar (Por isso vem...)
Há um abrigo no meio das ondas (Por isso vem...)
Tudo é caminho para iluminar (Por isso vem...)

Por isso vem... Por isso vem... Por isso vem...
Por isso vem... Por isso vem... Por isso vem...
Por isso vem... Por isso vem... Por isso vem...
Por isso vem...

Estar

Estar próximo do repouso
É estar onde descansas
No meu íntimo, ouso
É ser eu onde danças

Estar em casa é em Ti
Seguir viagem é só chegar aí

de F.J.O.C. (descansado)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

À noite, até despertar

Adormecer com a chuva na vidraça
E com o vento tocado
Nada fácil é, nem tem graça
É o tempo a tal dedicado

Adormeço antes no teu regaço
Fecho os olhos e sorrio
Acordei de manhã inacabado
Por adormecer sem brio

Sériamente anseio sossegar aí
Fisicamente desgasto-me sem nexo
Emocionalmente sigo-te aqui
Serenamente, sempre, temos reflexo

de F.J.O.C. (a dois tempos)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"Dona Ligeirinha" - Diabo na Cruz


Antes da chegada disse-lhe ao ouvido
Esse teu amigo mais parece teu amor
Nem todo o caixeiro é pra andar contigo
Larga lá o osso ó fidalgo demolidor
Haja algum bom senso Dona Ligeirinha
Olhe que o comércio afugenta muita gente
Antes da chegada ouça o que eu lhe digo
Escolha o bom caminho que é pro moço andar contente

Antes da chegada disse-lhe ao ouvido
Esse teu amigo mais parece teu amor
Nem todo o caixeiro é pra andar contigo
Larga lá o osso ó fidalgo demolidor
Haja algum bom senso Dona Ligeirinha
Olhe que o comércio afugenta muita gente
Antes da chegada ouça o que eu lhe digo
Escolha o bom caminho que é pro moço andar contente

Vou largar o que a mamã levou à perna
Quer agora imitar o seu bom pai óai
Tanto orgulho numa só mulher moderna óai
Que ora corre ora cai

Antes da chegada disse-lhe ao ouvido
Esse teu amigo mais parece teu amor
Nem todo o caixeiro é pra andar contigo
Larga lá o osso ó fidalgo demolidor
Haja algum bom senso Dona Ligeirinha
Olhe que o comércio afugenta muita gente
Antes da chegada ouça o que eu lhe digo
Escolha o bom caminho que é pro moço andar contente

Vou largar o que a mamã levou à perna
Quer agora imitar o seu bom pai óai
Tanto orgulho numa só mulher moderna óai
Que ora corre ora cai

(Composição: Jorge Cruz)

Beija-me secretamente no teu íntimo


Beija-me secretamente no teu íntimo
Antes na frescura dos teus lábios
Beija-me discretamente no teu imo
A ter a ternura completa dos sábios

Beijo terno de luz acesa
O que sei de paladar apurado
Beijo doce de vontade coesa
O tal que não foi consumado

Beija agora, me na tua mão
Entre os dedos me sentes vivo
Beija já esta língua de dom
Embora não sem a teres sentido

Antes do sossego dos olhos ledos
Melancolia se desbruça nessa boca
Ousas adormecer de secura nos dedos
Recordo sério tal lembrança oca

Beijo-te não beijando nunca
Alguma vez beijado sou e beijo
Lembrarei sempre como se junca
Beijando ardentemente o desejo
Ultraje feroz deste encanto
Crianças hesitam como vão falando
Inexperiência de como sentir tanto
Almejam ser mais sentidas decanto
No quarto enorme do quotidiano
Dizem tudo como surge, e enquanto
O dia floresce suavemente ao piano

de F.J.O.C. (beijado)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Amanhã

O amanhã vê-se no fundo do teu olhar
Acordarás serena e corajosamente bela
Cada sufoco passado renovará teu ar
Um silêncio a mais será luz de vela

A paz será o sentimento teu
A calma será o que verás em mim
O presente vive-se ateu
E o sonho constrói-se de amor assim

de F.J.O.C. (em frente)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Opção

Opção serias se houvesse troca na hora
Opção eras se ora houvesse certeza futura
Opção essa houvesse outrora
Opção és agora em Amor e lisura

de F.J.O.C. (com certeza)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A Flôr

Seria flôr
Seria pequena
Seria amada
Seria querida
Seria alegre
Seria os olhos
Seria o mundo
Seria o horizonte
Seria o lar
Seria o objectivo
Seria assim ela

É tudo isso hoje e amanhã
É sem ter alguma vez sido

de F.J.O.C. (memória ima)

Risonha

Antes de mais, presente
Para lá da beleza vista
Agora vejo tudo ciente
Recôndito e puro
És entre mau e bom ambiente

de F.J.O.C. (Tu)

Temporizar

Ter que contar dias
Segurar os minutos às horas
Andar em rebelias
Porquê as demoras?

Os prisioneiros do tempo somos
Os donos dele pais são
Não seremos já ou fomos
Tudo que amanhã saberão?

Há Sol, há Lua
E saúde, energia também
Haverá sempre míngua
Em tudo que não se tem

de F.J.O.C. (hoje)

"Capitão Romance" (dos Ornatos Violeta) - Margarida Pinto


não vou procurar quem espero
se o que quero é navegar
pelo tamanho das ondas
conto não voltar

parto rumo à primavera
que em meu fundo se escondeu
esqueço tudo do que sou capaz
hoje o mar sou eu

esperam-me ondas que presistem
nunca param de bater
esperam-me homens que desistem
antes de morrer

por querer mais que a vida
sou a sombra do que sou
e ao fim não toquei em nada
do que em mim tocou

eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei...

parto rumo à maravilha
rumo à dor que houver pra vir
se eu encontrar uma ilha
paro pra sentir
e dar sentido à viagem
pra sentir que eu sou capaz
se o meu peito diz coragem
volto a partir em paz

eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
mas não agarrei
eu vi...
eu vi...
eu vi...
mas não agarrei...

Composição: Ornatos Violeta

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Letra de "Dá-me a tua mão" - Jorge Cruz

Anda cá meu anjo
Aninhou-se um beijo
Sobre o teu cansaço
Vem passo a passo
Semear um hino
Sou o teu menino
Dá-me a tua mão

De Baguim à Ponta (dá-me a tua mão)
A história não conta (dá-me a tua mão)
Quantos foram fracos
Limpos os pratos
Dorme o tio na eira
Vai-se a vida inteira
Dá-me a tua mão

Choro com o teu riso (dá-me a tua mão)
Dizes que é preciso (dá-me a tua mão)
Tens-me no teu barco
Atira o meu arco
Se ganhares juízo
Lê o meu aviso
Dá-me a tua mão

Anda cá meu sonho (dá-me a tua mão)
Se tirares, eu ponho (dá-me a tua mão)
Vem deixar-me rouco
A pouco e pouco
Semear um hino
Sou o teu menino
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)

Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão

de Jorge Cruz old school

sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Those Sweet Words" - Norah Jones


Norah Jones - Those Sweet Words
by leebil


What did you say
I know I saw you singing
My ears won't stop ringing
Long enough to hear
Those sweet words
What did you say

End of the day
The hour hand has spun
Before the night is done
I just have to hear
Those sweet words
Spoken like a melody

All your love
Is a lost balloon
Rising up through the afternoon
'Til it could fit on the head of a pin

Come on in
Did you have a hard time sleeping
'Cause a heavy moon was keeping me awake
And all I know is I'm just glad to see you again

See my love
Like a lost balloon
Rising up through the afternoon
And then you appear

What did you say
I know you were singing
My ears won't stop ringing
Long enough to hear
Those sweet words
And your simple melody

I just have to hear
Your sweet words
Spoken like a melody
I just wanna hear
Those sweet words

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pele aqui

Por momentos nem eu me sei
Sentimentos tão vivos e puros
Transportados pelo ar da lei
E pela fria brisa dos duros

Por momentos nem eu me meço
Sentido pela ausência de pele
Tramado em silêncio que peço
Enleado aqui, onde nada impele

de F.J.O.C.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Praise You" - Fatboy Slim


We've come a long long way together,
Through the hard times and the good,
I have to celebrate you baby,
I have to praise you like I should

We've come a long long way together,
Through the hard times and the good,
I have to celebrate you baby,
I have to praise you like I should

I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you like I should

I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you

We've come a long long way together,
Through the hard times and the good,
I have to celebrate you baby,
I have to praise you like I shouldddddd

I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you like I should
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you
I have to praise you

I have to praise you

Dar

Coração e pensamento incansável
Dá a noite à solidão
Dá o dia à luz do teu ar
Noite e Dia dão mãos
Sem desperdício de alma
É só a busca da eterna calma

de F.J.O.C.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Girando

de Norman Rockwell, 1926 SEPS Curtis Publishing

Mais uma noite jaz
Outro dia de escuro vem
Busco algo mais de paz
Enquanto a luz se tem

E noite é ou dia fica
Guardo aqui, como anda
A aura magnífica
A tua demanda

Tu já te sabes assim
Eu já te julgo certeza
De quem tem frenesim
E rápido cria a empresa

E que o carrossel
Gire e ganhe velocidade
Num novo nó de cordel
Nos amenize a idade

de F.J.O.C. (a vencer)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"Nostradamus" - Maksim Mrvica


Maksim Mrvica - Nostradamus
by jief75

do álbum A New World de Maksim Mrvica

Tudo é

Foi sem te realmente ver
Foi sem permissão de ninguém
Foi por nós a consentir
Foi sem alguém o querer
Foi assim a bom surpreender
Foi também por algo crescer
Foi tudo aquém do saber

E tudo foi, e tudo é, e tudo será
É tudo como foi, é tudo como acontece, é tudo como vier

de F.J.O.C. (ainda)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Autopsicografia" - Fernando Pessoa

É este o poema, por me teres despertado a veia escrita que nos acompanha:

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Busca

Tudo o que buscas até pode não vir ou estar lá
Com quem o anseias, com quem o perdes
Nada que possuis será certo ou sabido
Quem to deu ou ensinou nada sabe ou tem

Sê-te sem ninguém, sê por Ti

Todo o ganho é posse nossa
Contigo só a comandar a jornada
Nada se cobiçará na luta dura
Nada se perderá na caminhada

de F.J.O.C.

"Estar à espera ou procurar" - B Fachada


Vais ficar pra mim
Vais ficar pra sempre aqui
Vais ficar eu sei
Vai ser tal qual eu sonhei
Quando vier no fim
Eu ainda vou gostar de ti
Se tu morreres então, não vou passar do ramadão
Vais ser mãe certeira
Eu vou poder até que enfim,
Ser pai a vida inteira
Ter ordem capoeira
Se tu passares eu não te vou deixar fugir de mim
Eu não te vou largar
Vou ser fiel sem me cansar

Até consigo imaginar a tua cara o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar
Até consigo imaginar a tua cara o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar

Vais ser tu pra mim
Eu vou calar-me só pra ti
Deixar contigo a lei
Esquecer-me tudo aquilo que sei
Se tu passares meu bem
Será que vais notar em mim
Senão eu vou cá estar pronto para te encontrar

Até consigo imaginar a tua cara, o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar
Até consigo imaginar a tua cara o meu abraço
E agora o que é que eu faço, estar à espera ou procurar

Composição: B Fachada

Olhares

Olha-me e sorri, basta-me
Demonstra-Te: o que sai
Eu sinto-o, cego de olhos
Olhos que estão em mim

O mundo com olhos de eco
Que polícia sem jeito
Não me olha assim
Não de frente, seco
Não me mostra nada diferente

E os que nele divagam
Vão e nada dizem

Porque eu sinto
Porque eu, por mim, sei
Porque eu vou na minha vez
Porque eu sonhei

de F.J.O.C.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Viagem

Alguém foi ao Sol e lá disseram-lhe que estava numa estrela! E que a noite era iluminada com a luz que ela dava à Lua!
Nessa viagem trouxe, na despedida, um abraço terno de esperança e alegria!

À minha íntima Amada

Coisas boas te acontecerão!
Mesmo que não sejam milagres, mudanças radicais...
Há mudanças leves, insignificantes, que nos orientarão mais e melhor na vida que uma bússola sempre a indicar-nos o Norte!

Vive as tuas vontades com a riqueza do teu coração!

sábado, 9 de janeiro de 2010

"Tudo por um beijo" - Jorge Palma


Eu não sei bem quem tu és
Sei que gosto dos teus pés
Do teu olhar atrevido

Tu baralhas-me a razão
Invades-me o coração
E eu ando um pouco perdido

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro do mundo

Adivinha onde eu cheguei
Desde o tempo em que roubei a tua privacidade
Fiz de ti lírio quebrado
Fera de gesto acossado, vendi a tua ansiedade

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro do mundo

E agora que estamos sós, vamos ser apenas nós
Dar a volta ao argumento
Vamos fugir em segredo
Sumir por entre o enredo, soltar o cabelo ao vento

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro de mundo

"Tudo por um beijo" um tema de Jorge Palma que faz parte da banda sonora do filme "A Bela e o Paparazzo".

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Truz-truz

É forte, é bom, é tanto, é muito...
É firme, é pão, é enquanto, é fortuito...
É o norte, é dom, é recanto, é gratuito...
É definir-me, é ter mão, é encanto, é infinito...

Quem é ele?
Como foi que tanto cresceu?
Quem nos faz dele?
Como foi que apareceu?

É só o meio para que eu dependa de Ti!
É só a forma para que tu o deponhas em Mim!

de F.J.O.C.(com A.M.O.R.)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Acerta-me

Ama-me pensando-te comigo
Sente-me querendo-te bem
Anima-me deixando-te sonhar
Descansa-me sossegando-te o respirar
Imagina-me deleitando-te em mel
Aniquila-me furtando-te ao fel

de F.J.O.C.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Anj'u'lis

Doce Flor que sorris
Doce Companheira alegre
Risonha de olhos lis
Risonha de coração que ferve

Assim te mexes em mim
Como força de paz
Sendo querubim
Deste jovem rapaz

de F.J.O.C.

"Will You Be There" - Michael Jackson


Hold Me
Like The River Jordan
And I Will Then Say To Thee
You Are My Friend

Carry Me
Like You Are My Brother
Love Me Like A Mother
Will You Be There?

Weary
Tell Me Will You Hold Me
When Wrong, Will You Scold Me
When Lost Will You Find Me?

But They Told Me
A Man Should Be Faithful
And Walk When Not Able
And Fight Till The End
But I'm Only Human

Everyone's Taking Control Of Me
Seems That The World's
Got A Role For Me
I'm So Confused
Will You Show To Me
You'll Be There For Me
And Care Enough To Bear Me

(Hold Me)
(Lay Your Head Lowly)
(Softly Then Boldly)
(Carry Me There)

(Lead Me)
(Love Me And Feed Me)
(Kiss Me And Free Me)
(I Will Feel Blessed)

(Carry)
(Carry Me Boldly)
(Lift Me Up Slowly)
(Carry Me There)

(Save Me)
(Heal Me And Bathe Me)
(Softly You Say To Me)
(I Will Be There)

(Lift Me)
(Lift Me Up Slowly)
(Carry Me Boldly)
(Show Me You Care)

(Hold Me)
(Lay Your Head Lowly)
(Softly Then Boldly)
(Carry Me There)

(Need Me)
(Love Me And Feed Me)
(Kiss Me And Free Me)
(I Will Feel Blessed)

In Our Darkest Hour
In My Deepest Despair
Will You Still Care?
Will You Be There?
In My Trials
And My Tribulations
Through Our Doubts
And Frustrations
In My Violence
In My Turbulence
Through My Fear
And My Confessions
In My Anguish And My Pain
Through My Joy And My Sorrow
In The Promise Of Another Tomorrow
I'll Never Let You Part
For You're Always In My Heart

Ledice

Desejo viver-nos alegres
Ledos e supreendentes até lá
E a coisa pública será anunciada
Aos ventos, aos ares deles
Sem governo andaremos a crescer
Abaixo do interesse de todos
Nos nossos gracejos contentes
Galanteados entre nós


de F.J.O.C.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"Tous Les Visages de L'Amour" - Charles Aznavour


Toi, parée de mille et un attraits
Je ne sais jamais qui tu es
Tu changes si souvent
De visage et d´aspect

Toi, quelque soit ton âge et ton nom
Tu es un ange ou le démon
Quand por moi tu prends tour à tour
Tous les visages de l´amour

Toi, si Dieu ne t´avait modelée
Il m´aurait fallu te créer
Pour donner à ma vie sa raison d´exister

Toi, qui es ma joie et mon tourment
Tantôt femme e tantôt enfant
Tu offres à mon coeur chaque jour
Tous les visages de l´amour

Moi, je suis le feu qui grandit ou qui meurt
Je suis le vin qui rougit ou qui pleure
Je suis la force ou la faiblesse

Moi, je pourrais défier le ciel et l´enfer
Je pourrais dompter la terre et la mer
Et réinventer la jeunesse

Toi, viens fais de moi ce que tu veux,
Un homme heureux ou malheureux,
Un mot de toi, je suis poussière ou je suis Dieu

Toi, sois mon espoir, sois mon destin,
J´ai si peur de mes lendemains
Montre à mon âme sans secours
Tous les visages de l´amour

Composição: Charles Aznavour

"She" - Elvis Costello


She
May be the face I can't forget
The trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay
She
May be the song that summer sings
May be the chill that autumn brings
May be a hundred different things
Within the measure of a day

She
May be the beauty or the beast
May be the famine or the feast
May turn each day into a heaven or a hell
She may be the mirror of my dreams
The smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell

She
Who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She
May be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past
That I'll remember till the day I die

She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough in ready years
Me
I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is

She
She, oh she

Composição: Charles Aznavour e Herbert Kretzmer
da Banda Sonora de Notting Hill

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Soninho

Meu sono é agora
E o agora desta hora
Ele, corpo, cai sem pensar
Eu, espírito, quero-te abraçar
E teu corpo já cedeu
Tu, Minha Alma, estás no meu

de F.J.O.C.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Trago-nos sempre

Sabe a mel o teu olhar calmo
Saboreio-o com serena certeza
Tal quanto o vivo
E se transformado fica
Alegria cresce de Nós
Corrente brusca de bem arrepiar
Nossa derme ferve a bom trago
Sorve-nos despreocupados
Sempre de bem, sempre em uno tom
Sentido e natural amar


de F.J.O.C.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Dar a mão

Dar a mão é pôr o tacto do coração
Dar a mão é dar-nos a outrem
Dar a mão é segurar-me e -te
Dar a mão é companhia
Dar a mão é a caminhar unido
Dar a mão é una alegria
Dar a mão é amor-união

de F.J.O.C.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Anúncio

Foi anunciado recentemente uma dádiva de vida a quem estiver a morrer ou com a expectativa de tal acontecer proximamente.

Ama sem medo
Morde o que gostares
Orgulha-te de ser
Ruma à verdade do sentir

de F.J.O.C.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Teu ornamento

O teu céu azul
O teu anjo azul
O teu coração alado
O teu Doce amado
O teu puto alegre
O teu ânimo exacerbado


de F.J.O.C.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Alar

Quero alar-me contigo
No céu aberto dos nossos corações
No ameno da nossa pele
No recanto dos nossos olhos luminosos


de F.J.O.C

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Grandinho

Tenho vontade de mais aprender
Reunido com vós, meus
Indo crescer como vim
Nunca seria eu agora
Tudo corre com tempo
Antes de tudo sentir

E amar é viver

Dar e receber
Ou viver a sorrir
Importa é bem supreender
Será preciso renascer?


de F.J.O.C.

domingo, 29 de novembro de 2009

Sonhador...

Se ser assim te define
Orgulha-te e caminha sem trégua
Nada destronará teu Rei
Haja espírito e alma protectora
Amparando tua jornada
Dormirás em paz séculos
Ouve o anúncio das trompetas
Rejubila e Sentir

de F.J.O.C.(inspiras-me)

sábado, 28 de novembro de 2009

"Margarida" - Álvaro de Campos

Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?

-Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.

Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
- (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.

E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
-Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.

Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
-Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

(Álvaro de Campos)

Só para (e de) Ti

Só ficas, só te deixas manter
Aqui, lá em novos ares, só fico
A multidão não tem sentidos de Ti
Só eu Te meço
Aqui, lá, Te preciso e sinto
Dizendo que não estarei só, minto
De Ti tendo silêncio, silêncio...
Silêncio é paz por olhar...


de F.J.O.C.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Aflorar

A nossa flor a brotar...
Quer Sol, quer Sol...
Luz incandescente e dom
Caminho de terra serena e firme
Para crescer colorida e corajosa
Aos escuros e molhados temporais

de F.J.O.C.

sábado, 21 de novembro de 2009

"Amado" - Vanessa da Mata


Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém

Peço tanto a Deus
Para lhe esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus

Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer

Sinto absoluto o dom de existir,
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você

"Beijo (o lado mais puro)" - Ricardo Azevedo

"Hallelujah" - Jeff Buckley



Well I heard there was a secret chord
That David played, and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do ya?
Well it goes like this
The fourth, the fifth
The minor fall and the major lift
The baffled king composing Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Well Your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
she tied you to her kitchen chair
And she broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Well baby I've been here before
I've seen this room and I've walked this floor
I used to live alone before I knew ya
I've seen your flag on the marble arch
Love is not a victory march
It's a cold and it's a broken Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Well there was a time when you let me know
What's really going on below
But now you never show that to me do you?
And remember when I moved in you?
And the holy dove was moving too
And every breath we drew was Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Well maybe there's a God above
But all I've ever learned from love
Was how to shoot somebody who'd OUT DREW YA
And it's not a cry that you hear at night
It's not somebody who's seen in the light
It's a cold and it's a broken Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Composer: Leornard Cohen

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Profetinada

Todos dizem melhores tempos e ventos virão
Que mude tudo e cada um de nós o viva
E melhores seremos nós interiormente
Crescendo como nos aprouver ou deixarem
Com mágoas, alegrias, medos, alegorias
Cegos, mudos, visionários, gritando
Enfrentando o mundo de frente
De semblante frio e rude
Tentando assustá-lo ou amansá-lo a nosso bem
Aguardando que não nos transborde de coisas más
E as imagens do bom, por mal ou não, cá surgem
Mesmo irreais ou possíveis
Vamos tê-las? Senti-las na pele e no íntimo?
Vamos devorá-las por serem só nossas?
O que acredita é o Coração, a visão dele...
E só dele continuaremos a alimentar-nos...
Por só lá termos paz, sossego, conforto, repouso, alegria...
E força para encarar tudo que nos rodeia e nos tolhe
Tudo que nos cansa a alma
Que deveria ser nada...nada!


de F.J.O.C.

Uma dúvida surgida...e a certeza da vida!

purgante (s. m.)
1. Purga.
2. Que faz purgar.

purga (s. f.)
1. Preparação farmacêutica ou qualquer outra substância que faz purgar.
2. Bras. Nome de várias plantas medicinais.
3. Eliminação de indivíduos considerados indesejáveis ou julgados pouco seguros por certos partidos políticos.

purgar(v. tr.)
1. Limpar, purificar pela eliminação das impurezas ou matérias estranhas.
2. Livrar das impurezas interiores por meio de purgantes ou outros medicamentos.
3. Administrar uma purga.
4. Fig. Livrar.
5. Tornar puro, desembaraçar.
6. Expiar.
7. Evacuar; deitar de si; lançar pus, humores, etc.
8. Tomar um purgante.


pulgante? não existe


empolgante (adj. 2 gén. )
Que causa viva impressão no ânimo; que domina e assoberba o espírito.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sorrir

Acordar a sorrir é bom...
E quando não acordamos assim, bom é termos alguém ou algo que nos sorria e nos contagie...
E sorrir assim é melhor...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Daybreak" - Lisa Ekdahl


Daybreak
And the moon's still floating high
What a wonderful surprise
I close my eyes
And dream of you

I'm dreaming at daybreak
And the world's so far behind
That's why i always find at daybreak
I'm still dreaming of you

You're from above
My one and only love
There's no other

At daybreak
All i want is you forever
That's why it's true whenever daybreaks
I'm still dreaming of you

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Como na Lua

De sonhos cresce um homem
Ganha forma terrena tarde
E de alegria clama alguém
E o íntimo coração arde
Tu quem me apareces
Some-te em mim
Toda de mim em preces
De vestido anjo arlequim
Me ocupas toda e qualquer busca
Toda a minha alma tua
Cá na Terra Amo-te como na Lua

de F.J.O.C.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Carry Nation" - Álvaro de Campos

Não uma santa estética, como Santa Teresa,
Não uma santa dos dogmas,
Não uma santa.
Mas uma santa humana, maluca e divina,
Materna, agressivamente materna,
Odiosa, como todas as santas,
Persistente, com a loucura da santidade.
Odeio-a e estou de cabeça descoberta
E dou-lhe vivas sem saber porquê!
Estupor americano aureolado de estrelas!
Bruxa de boa intenção...

Não lhe desfolhem rosas na campa,
Mas louros, os louros da glória
Façamos-lhe a glória e o insulto!
Bebamos à saúde da sua imortalidade
Esse vinho forte de bêbados.

Eu, que nunca fiz nada no mundo,
Eu, que nunca soube querer nem saber,
Eu, que fui sempre a ausência da minha vontade,
Eu te saúdo, mãezinha maluca, sistema sentimental!
Exemplar da aspiração humana!
Maravilha do bom gesto, duma grande vontade!

Minha Joana de Arc sem pátria!
Minha Santa Teresa humana!
Estúpida como todas as santas
E militante como a alma que quer vencer o mundo!

É no vinho que odiaste que deves ser saudada!
É com brindes gritados chorando que te canonizaremos!

Saudação de inimigo a inimigo!
Eu, tantas vezes caindo de bêbado só por não querer sentir,
Eu, embriagado tantas vezes, por não ter alma bastante,
Eu, o teu contrário,
Arranco a espada aos anjos, aos anjos que guardam o Éden,
E ergo-a em êxtase, e grito ao teu nome.

8-4-1930
Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. - 121.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"Re-Tratamento" - Da Weasel


Vou levar-te para casa,
Tomar conta de ti,
Dar-te um bom banho,
Vestir-te um pijama e fazer-te uma papinha,
Meter-te na caminha,
Ler-te uma historinha e deixar-te bem calminha,
Ouve bem,
preciso de alguém do meu lado que me dê um bom dia com um sorriso bem rasgado,
Amor pela manha, pela tarde e pelo fim do dia,
Mais um pouco quando o sonho era o que eu queria,
Não é preciso muito,
é muito simples na verdade, só quero amor bom, carinho, solidariedade,
Faz-me rir e eu prometo que não te faço chorar,
Trata bem de mim e eu bem de ti vou tratar...

Olá nina quero tratar de ti, dar-te o mundo e o outro, tenho tudo aqui,
Chega só um pouco perto de mim, acredita que nunca me senti assim...
yeah yeahhh na na nana yeah yeahhh yeah na na nana...

Trata-me bem, eu juro que suo sangue por ti,
Faz a coisa certa como o SPIKE LEA,
Podes usar e abusar do meu brinquedo favorito,
Mas tem cuidado por favor não o deixes partido,
Dou-te tudo que poder, tudo que tiver,
O que não tiver tiro aos deuses para a minha mulher,
Roubamos um foguete, vamos dar uma volta até a lua,
Escrevo um livro no caminho com a alma toda nua,
Procriamos como coelhos quando nos derem pelos joelhos,
Procriamos mais um pouco porque eu adoro fedelhos,
Escrevo o teu nome no meu corpo pra toda gente ver,
Bem piroso e lamechas como o amor deve ser, verdadeiro...

Olá nina quero tratar de ti, dar-te o mundo e o outro, tenho tudo aqui,
Chega só um pouco perto de mim, acredita que nunca me senti assim...
yeah yeahhh na na nana yeah yeahhh yeah na na nana...

Olá nina quero tratar de ti, dar-te o mundo e o outro, tenho tudo aqui,
Chega só um pouco perto de mim, acredita que nunca me senti assim...
yeah yeahhh na na nana yeah yeahhh yeah na na nana...

Gostas de filmes, podíamos fazer um bem privado,
Eu escrevo, realizo e actuo do teu lado,
Podes ser a minha estrela, vou-te dar um bom papel,
Pouca palavra muita acção acredita que é mel,
Nasceste para isto, ta tudo previsto,
Por isso insisto e não resisto a dar-te mais um pouco disto,
O amor puro fresco como a brisa do mar,
Tenho montes dele guardado e está quase a estragar,
Envelheço ao teu lado, eu bem gordo tu bem magra,
Acabamos com o stock nacional de viagra,
Faz-me rir e eu prometo que não te faço chorar,
Trata bem de mim e eu bem de ti vou tratar...

Olá... nina... chega ao pé de mim...
Deixa-me dar-te o que tu mereces, tu és a resposta para as minhas preces,
Senta-te aqui vou-te cantar um som, doce como tu, como um bombom,
yeah yeahhh na na nana....

Olá nina quero tratar de ti, dar-te o mundo e o outro, tenho tudo aqui,
Chega só um pouco perto de mim, acredita que nunca me senti assim...
yeah yeahhh na na nana yeah yeahhh yeah na na nana...

Olá nina quero tratar de ti, dar-te o mundo e o outro, tenho tudo aqui,
Chega só um pouco perto de mim, acredita que nunca me senti assim...
yeah yeahhh na na nana yeah yeahhh yeah na na nana...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Dois excertos de odes (Fins de duas odes, naturalmente)" - Álvaro de Campos

I

Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lentejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde-escuro ao longe.
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer.

Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.

Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
Folha a folha lê em mim não sei que sina
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde — quem sabe? — Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realme:nte e mandando tudo...

Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
ó domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso é inútil.

Vem, Noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...
Serenamente como uma brisa na tarde leve,
Tranqüilamente com um gesto materno afagando.
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
E a lua máscara misteriosa sobre a tua face.
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar.
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem.

A lua começa a ser real.

II

Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes cidades
E a mão de mistério que abafa o bulício,
E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe
Para uma sensação exata e precisa e ativa da Vida!
Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios
E que misterioso o fundo unânime das ruas,
Das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde, ó Mestre,
Ó do "Sentimento de um Ocidental"!

Que inquietação profunda, que desejo de outras coisas,
Que nem são países, nem momentos, nem vidas,
Que desejo talvez de outros modos de estados de alma
Umedece interiormente o instante lento e longínquo!

Um horror sonâmbulo entre luzes que se acendem,
Um pavor terno e líquido, encostado às esquinas
Como um mendigo de sensações impossíveis
Que não sabe quem lhas possa dar ...

Quando eu morrer,
Quando me for, ignobilmente, como toda a gente,
Por aquele caminho cuja idéia se não pode encarar de frente,
Por aquela porta a que, se pudéssemos assomar, não assomaríamos
Para aquele porto que o capitão do Navio não conhece,
Seja por esta hora condigna dos tédios que tive,
Por esta hora mística e espiritual e antiquíssima,
Por esta hora em que talvez, há muito mais tempo do que parece,
Platão sonhando viu a idéia de Deus
Esculpir corpo e existência nitidamente plausível.
Dentro do seu pensamento exteriorizado como um campo.

Seja por esta hora que me leveis a enterrar,
Por esta hora que eu não sei como viver,
Em que não sei que sensações ter ou fingir que tenho,
Por esta hora cuja misericórdia é torturada e excessiva,
Cujas sombras vêm de qualquer outra coisa que não as coisas,
Cuja passagem não roça vestes no chão da Vida Sensível
Nem deixa perfume nos caminhos do Olhar.

Cruza as mãos sobre o joelho, ó companheira que eu não tenho nem quero ter.
Cruza as mãos sobre o joelho e olha-me em silêncio
A esta hora em que eu não posso ver que tu me olhas,
Olha-me em silêncio e em segredo e pergunta a ti própria
Tu que me conheces — quem eu sou ...

Álvaro de Campos, Poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2002