Livro-semente I em viagem pelo Japão
Há 8 anos
pequenos e simples excertos, momentos, experiências... da vida... tendencialmente mais feliz!
O que é para ti uma casa? Os braços de quem amas ou o lugar onde te escondes dos dedos dos teus demónios? É a estrada que tens à frente ou a cadeira onde te sentas no final da viagem? É a tenda de um circo itinerante, um navio naufragado ou o farol levantado em terra firme? É o sítio onde vives ou a última morada para o envelhecer dos ossos? Um bocado de terra santificada ou as pedras que fazem o chão de uma revolução profana? Será uma rua sem nome, as paredes de um quarto ou a gaveta de madeira onde se acumularam pedaços de memória? É um desejo, um objecto perdido ou é essa coisa que bate dentro do teu peito? É um palco repleto de barulho e gente, um corredor silencioso ou é o som da caixa de música onde dançam dois bonecos? É a paisagem pintada na tela, o pó que cobre o teu soalho ou será o simples conforto de ter um corpo que não conhece dor?
Por detrás e para além de paredes, portas e fechaduras, as histórias de uma multidão de palhaços, dançarinos e homens simples transformam-se em canções sobre o desvanecimento, a morte, o sonho e o desejo. Quebram-se paredes que não dobram, gritam-se palavras por gastar e roda-se o mundo para o Sol.
Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inlcusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida.