Ai em que terra alta me fazes pisar Terra alta das profundezas do meu emir Percorro-as e meus pés fazem-me arfar Subo e subo, sem ar sou todo de te sentir
Terra alta que lá no alto te faz A luz que leva o dia cessante Lá alto, tão alto, que sem ar me dás A firmeza e solo constante
Anda cá meu anjo Aninhou-se um beijo Sobre o teu cansaço Vem passo a passo Semear um hino Sou o teu menino Dá-me a tua mão
De Baguim à Ponta (dá-me a tua mão) A história não conta (dá-me a tua mão) Quantos foram fracos Limpos os pratos Dorme o tio na eira Vai-se a vida inteira Dá-me a tua mão
Choro com o teu riso (dá-me a tua mão) Dizes que é preciso (dá-me a tua mão) Tens-me no teu barco Atira o meu arco Se ganhares juízo Lê o meu aviso Dá-me a tua mão
Anda cá meu sonho (dá-me a tua mão) Se tirares, eu ponho (dá-me a tua mão) Vem deixar-me rouco A pouco e pouco Semear um hino Sou o teu menino Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão) Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão) Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão) Dá-me a tua mão
Arranjo de Diabo na Cruz de uma composição/canção de Jorge Cruz old school
Ao acordar, no meio que seja Ao lembrar de mim algo que seja Ao sorrir o que te deseja Lembra-te sempre de ti, Cereja Lembra-te sempre de mim, inveja Lembra-te sempre do que de nós seja
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso amor Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso coração uno Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso mar Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso ser Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso querer Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso amar
Que teus desesperos adormecidos Não contagiem tua alma por mim enternecida
Lê o meu imo que Te tanto deseja E não creias tanto nas minhas palavras aéreas Acredita mais no que o teu olhar Te transmite Quando na distância me consegues ver e sentir É ele que Te dá segurança ao coração Que Te eleva de Ti para algo comigo
Às palavras que me saem Não as tenhas como certas de mim Porque as escrevo tanto como fossem de Ti Tento ler-Te por elas, como no olhar
Que teus sentidos vivos Não adormeçam teu coração por mim acordado
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir. Sentir tudo de todas as maneiras. Sentir tudo excessivamente, Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas E toda a realidade é um excesso, uma violência, Uma alucinação extraordinariamente nítida Que vivemos todos em comum com a fúria das almas, O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas, Quanto mais personalidade eu tiver, Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver, Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas, Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento, Estiver, sentir, viver, for, Mais possuirei a existência total do universo, Mais completo serei pelo espaço inteiro fora. Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for, Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo, E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.
Cada alma é uma escada para Deus, Cada alma é um corredor-Universo para Deus, Cada alma é um rio correndo por margens de Externo Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.
Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito, Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo! Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande, As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra. Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso. Todo o Mundo com a sua forma visível do costume Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso, Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.
Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva! Mãe verde e florida todos os anos recente, Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal, Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis Num rito anterior a todas as significações, Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales! Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões, Grande voz acordando em cataratas e mares, Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança, Em cio de vegetação e florescência rompendo Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso A tua própria vontade transtornadora e eterna! Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados, Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones, Mãe caprichosa que faz vegetar e secar, Que perturba as próprias estações e confunde Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!
Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino! Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima Volteia serpenteando, ficando como um anel Nevoento, de sensações reminescidas e vagas, Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente Meu coração a ti aberto! Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático, Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos, Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre.
Sou um monte confuso de forças cheias de infinito Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço, A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo, Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas, Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos. Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo. Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão, No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.
Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima, Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo De chamas explosivas buscando Deus e queimando A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica, A minha inteligência limitadora e gelada. Sou uma grande máquina movida por grandes correias De que só vejo a parte que pega nos meus tambores, O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis, E nunca parece chegar ao tambor donde parte ... Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si, Cruzando-se em todas as direções com outros volantes, Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus. Dentro de mim estão presos e atados ao chao Todos os movimentos que compõem o universo, A fúria minuciosa e dos átomos, A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos, A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam, A chuva como pedras atiradas de catapultas De enormes exércitos de anões escondidos no céu.
Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma. Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode, Freme, treme, espuma, venta, viola, explode, Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge, Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida, Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes, Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos, Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!
in Álvaro de Campos, Poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2002
Rows and flows of angel hair And ice cream castles in the air And feather canyons everywhere I've looked at clouds that way
But now they only block the sun They rain and snow on everyone So many things I would have done Clouds got in my way
I've looked at clouds from both sides now From up and down, and still somehow It's cloud illusions I recall I really don't know clouds at all
Moons and Junes and Ferris wheels The dizzy dancing way that you feel As every fairy tale comes real I've looked at love that way
But now it's just another show And you leave 'em laughing when you go And if you care, don't let them know Don't give yourself away
I've looked at love from both sides now From give and take, and still somehow It's love's illusions I recall I really don't know love Really don't know love at all
Tears and fears and feeling proud To say "I love you" right out loud Dreams and schemes and circus crowds I've looked at life that way
Oh but now old friends they're acting strange And they shake their heads And they tell me that I've changed Well something's lost but something's gained In living every day
I've looked at life from both sides now From win and lose and still somehow It's life's illusions I recall I really don't know life at all It's life's illusions I recall I really don't know life I really don't know life at all