sexta-feira, 28 de maio de 2010
Pequeno Aristo
Umas festinhas no teu cabelo
Umas carícias na tua face
Um sorriso malandrinho
Um "sai daqui" aristo
Tantos risos fáceis tens
Tantas energias corridas pela casa
Tudo te faz menino e querido
Ternurento aos teus crescidos
E salpicado agora apareces
Assim feridinho de pintado
Penas nunca na vida as terás
Por sem elas em aparência teres ficado
E a festa podes fazer
Com amiguinhos de lazer
Ou contando marquinhas
Que agora te dão afazer
de F.J.O.C.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Altar
Terra alta das profundezas do meu emir
Percorro-as e meus pés fazem-me arfar
Subo e subo, sem ar sou todo de te sentir
Terra alta que lá no alto te faz
A luz que leva o dia cessante
Lá alto, tão alto, que sem ar me dás
A firmeza e solo constante
de F.J.O.C.
"Canção do monte" - Diabo na Cruz
Anda cá meu anjo
Aninhou-se um beijo
Sobre o teu cansaço
Vem passo a passo
Semear um hino
Sou o teu menino
Dá-me a tua mão
De Baguim à Ponta (dá-me a tua mão)
A história não conta (dá-me a tua mão)
Quantos foram fracos
Limpos os pratos
Dorme o tio na eira
Vai-se a vida inteira
Dá-me a tua mão
Choro com o teu riso (dá-me a tua mão)
Dizes que é preciso (dá-me a tua mão)
Tens-me no teu barco
Atira o meu arco
Se ganhares juízo
Lê o meu aviso
Dá-me a tua mão
Anda cá meu sonho (dá-me a tua mão)
Se tirares, eu ponho (dá-me a tua mão)
Vem deixar-me rouco
A pouco e pouco
Semear um hino
Sou o teu menino
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão (dá-me a tua mão)
Dá-me a tua mão
Arranjo de Diabo na Cruz de uma composição/canção de Jorge Cruz old school
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Fonte Idílica
de F.J.O.C.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Acorda e chama-me!
Ao lembrar de mim algo que seja
Ao sorrir o que te deseja
Lembra-te sempre de ti, Cereja
Lembra-te sempre de mim, inveja
Lembra-te sempre do que de nós seja
de F.J.O.C. (desejo)
"Cada dia que passa" - tAMbOR
Ai este coração
Só por ti sabe esperar
Ai,amor de perdição
Aqui na terra sem altar
Ai este coração
Que em cartas vai dizer
Vai e volta na tua mão
Vai e volta p'ra te ter
Cada dia que passa
Fica a terra mais gasta
Cada dia que passa
Fica o amor mais forte
(2x)
Ai este coração
Bate mais ao dar-te a mão
Vai e volta sem hesitar
À cidade ao pé do mar (2X)
Invento mais um momento
Invento e estico o tempo
Ai este amor em mim
Ai ter-te sempre assim
Cada dia que passa
Fica a terra mais gasta
Cada dia que passa
Fica o amor mais forte
(2X)
Cada dia que amanhece
Sem o teu abraço
Não tenho sossego em mim
Cada dia que amanhece
Com o teu abraço
O céu fica mais perto de mim
Cada dia que passa
Fica a terra mais gasta
Cada dia que passa
Fica o amor mais forte
(3X)
segunda-feira, 17 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
Dá-nos
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso coração uno
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso mar
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso ser
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso querer
Dá-me um abraço no silêncio do respirar do nosso amar
de F.J.O.C. (embraçado)
segunda-feira, 10 de maio de 2010
(Que) É de Ti
Não contagiem tua alma por mim enternecida
Lê o meu imo que Te tanto deseja
E não creias tanto nas minhas palavras aéreas
Acredita mais no que o teu olhar Te transmite
Quando na distância me consegues ver e sentir
É ele que Te dá segurança ao coração
Que Te eleva de Ti para algo comigo
Às palavras que me saem
Não as tenhas como certas de mim
Porque as escrevo tanto como fossem de Ti
Tento ler-Te por elas, como no olhar
Que teus sentidos vivos
Não adormeçam teu coração por mim acordado
de F.J.O.C. (é de mim)
sábado, 8 de maio de 2010
"Afinal" - Álvaro de Campos
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.
Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.
Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,
Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam
Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,
Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.
Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!
Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre.
Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.
Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.
Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.
Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...
Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.
Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,
A chuva como pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.
Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!
in Álvaro de Campos, Poesia, Assírio & Alvim, Lisboa, 2002
quinta-feira, 6 de maio de 2010
"Both sides now" - Hayley Westenra
Rows and flows of angel hair
And ice cream castles in the air
And feather canyons everywhere
I've looked at clouds that way
But now they only block the sun
They rain and snow on everyone
So many things I would have done
Clouds got in my way
I've looked at clouds from both sides now
From up and down, and still somehow
It's cloud illusions I recall
I really don't know clouds at all
Moons and Junes and Ferris wheels
The dizzy dancing way that you feel
As every fairy tale comes real
I've looked at love that way
But now it's just another show
And you leave 'em laughing when you go
And if you care, don't let them know
Don't give yourself away
I've looked at love from both sides now
From give and take, and still somehow
It's love's illusions I recall
I really don't know love
Really don't know love at all
Tears and fears and feeling proud
To say "I love you" right out loud
Dreams and schemes and circus crowds
I've looked at life that way
Oh but now old friends they're acting strange
And they shake their heads
And they tell me that I've changed
Well something's lost but something's gained
In living every day
I've looked at life from both sides now
From win and lose and still somehow
It's life's illusions I recall
I really don't know life at all
It's life's illusions I recall
I really don't know life
I really don't know life at all
Composição: Joni Mitchell